Dentre os inúmeros benefícios estudados sobre o convívio com animais de estimação, o desenvolvimento de empatia e compaixão está entre os principais, segundo uma diversa e extensa lista de pesquisadores de universidades nacionais e internacionais.

Os répteis, como os lagartos, têm conquistado espaço como pets exóticos por exigirem poucos cuidados e se adaptarem bem a ambientes controlados. Foto: stock.adobe.com
E tomar a decisão de adotar um pet para ser o novo membro da família pode ser um desafio, especialmente por se tratar de um ser vivo com demandas biológicas e emocionais.
Pesquisar e se informar com especialistas sobre tipos de alimentação, cuidados domésticos, atividades para trabalhar comportamento, além de necessidades espaciais e de higiene, é fundamental não só para o bom convívio, como também para a saúde integral do animal.
O Santuário Animal Best Friends, localizado em Utah, nos Estados Unidos, que também atua como Centro de Salvamento em diferentes cidades americanas, recomenda que os futuros tutores avaliem o espaço e tipo de moradia onde vivem, como casa, apartamento, sítios, etc, considerando o território adequado para o pet e, também, como as características de cada espécie pode interferir no relacionamento. O questionamento que o próprio Santuário faz é: “Você conseguirá conviver com pêlos de animais de estimação ou uma caixa sanitária?”.
Outro ponto importante é o ecossistema familiar: todos receberão o pet em comum acordo? Além disso, avaliar o tempo de dedicação e convívio é bastante importante, uma vez que, independentemente da espécie, eles demandam atenção.
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A depender da espécie, para além das diferenças entre cuidados e alimentação, existem diferenças nas características que podem determinar o sucesso do relacionamento com o pet escolhido. Daí a importância em avaliar particularidades sobre socialização e demandas afetivas e emocionais.
Considerados os melhores amigos do homem, os cães, independentemente da raça, de acordo com um trabalho do Instituto de Psicologia (IP) e do Instituto de Biociências (IB) da Universidade de São Paulo, em colaboração com a Universidade de Lincoln, no Reino Unido, possuem capacidades sociais, uma vez que estão em constante convívio com outras espécies, principalmente a humana. “A relação cão-humano é muito forte, data de dezenas de milhares de anos e, ao longo desse processo evolutivo compartilhado, os cães desenvolveram várias habilidades, por exemplo, entender o gesto de apontar, que para nós é um gesto referencial”, explica ao Jornal da USP a pesquisadora Natália de Souza Albuquerque, do IP, coordenadora do Grupo de Estudos em Etologia, Cognição, Comportamento e Emoções Animais.
Somando 34 milhões em lares brasileiros, de acordo com dados de 2023 do Euromonitor, os gatos têm conquistado cada vez mais espaço no processo de domesticação.
Um estudo da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade do Rio Grande do Sul mostra que o processo de socialização dos gatos se dá no momento em que o animal consegue estabelecer um vínculo com o ambiente onde vive, o que inclui humanos e outros animais. Sendo assim, as respostas sociais serão um reflexo das relações que teve, de suas experiências e de seus aprendizados. E, ao contrário do que propagam determinadas crenças sociais sobre esses felinos, os gatos são animais sociáveis, embora tenham um comportamento solitário – inclusive, ainda segundo o estudo, gatos que convivem com tutores que conversam com eles diariamente, são perfeitamente capazes de distinguir seu nome quando chamados e de associar privilégios com esse tipo de comunicação.
E, longe de limitar o convívio doméstico a cães e gatos, os répteis, que até 2019 somavam mais de 2 milhões de forma domesticada nos lares brasileiros, de acordo com o IBGE, são escolha de quem busca a companhia de um pet exótico e de baixa demanda. A esse hobby se dá o nome de Herpetocultura.
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De acordo com publicação da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais, algumas das vantagens em criar répteis e anfíbios estão no modo como vivem, em terrários em um cômodo da casa, além de demandarem menos de 15 minutos de cuidados diários, não sofrerem a ausência de seus tutores, poderem ser alimentados de forma espaçada podem passar até 30 dias sem alimentação, e terem grande variedade de cores, tamanhos, formas e comportamentos.
No entanto, nem todo réptil pode ser domesticado. No Brasil, espécies como iguanas, jabutis e jiboias estão entre as espécies liberadas para serem criadas de forma legal.
A publicação da UFMG afirma, ainda, que por lei, as espécies que podem ser comercializadas são as serpentes, como jiboias (Boa constrictor), salamantas (Epicrates cenchria), suaçuboias (Corallus hortulanus) e piriquitamboias (Corallus caninus); os lagartos, como teius (Salvator merianae) e iguanas verdes (Iguana iguana); e quelônios como jabutis (Chelonoides carbonaria) e tigres d’água (Trachemys dorbigni).